Não nego a raça!

Foto por João Ávila - Porto Alegre

Não nego a raça

(Letra-Dionísio Costa - Música-Pedro neves)

Nascí gaúcho, pras bandas do Alto Uruguai

"É macho", disse o meu pai, "não há de ser vagabundo"

Lá em Seberi, rincão do qual eu me orgulho

Num vinte e cinco de julho, boleei a perna no mundo

Não sou famoso, mas não me vendo barato

E se eu ficar sem contrato, pra mim a vida tá jóia

Por mixaria, ninguém me tira dos "fôrros"

Afinal não sou cachorro, que "acôa" a trôco de "bóia"

Sempre agradeço meu velho pai, numa prece

E aqueles que me conhecem, tão sabendo que eu não minto

Da minha gente eu jamais neguei a raça

Nem preciso de cachaça, pra dizer tudo que eu sinto

Não tenho medo da língua de lambaceiro

Tenho Deus por companheiro, conversa não me machuca

Não me encarango com o sôpro do minuano

Tenho sangue Taquariano, misturado com Manduca

Mulher dengosa que quiser manear meus passos

Pode até "ganhá" uns "amasso", mas não ganha o coração

Já levei tombo que me fez perder o rumo

Mesmo assim não me acostumo, com o cabresto da paixão

Muitos me dizem "cuidado com o que tu fala"

Mas por baixo do meu pala, tem um coração sincero

Se for bonita e andar procurando agrado

Se eu tiver desocupado, não vou dizer que não quero

Um novo amigo sempre é bem recebido

Só não gosto de entendido, do tipo que me analisa

Dos meus amigos, quero amizade e respeito

E quem não gosta do meu jeito, me agradar não precisa

Não sou letrado nem tão pouco ignorante

Coragem tenho bastante e não invejo ninguém

Sinceridade caminha junto comigo

Pra defender meus amigos, peleio junto também